A greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio de 2018, e as reivindicações dos profissionais e das transportadoras fizeram com que muitos assuntos viessem à tona. Um deles foi a tabela de frete, que já está em vigor e implementa algumas mudanças significativas para quem trabalha na área.
Muita gente ainda questiona se o funcionamento está correto e quais são as modificações. Outras pessoas acreditam que, na prática, a tabela não vai funcionar. E há quem ache que o instrumento é adequado e deveria ter sido implantado há bastante tempo. Quem está certo?
A resposta só pode ser encontrada a partir da compreensão das peculiaridades dessa ferramenta. Por isso, criamos este post com informações gerais sobre o assunto. Então, que tal se aprofundar no tema? Confira!
A tabela de fretes determina os preços mínimos para as cargas lotação, que são aquelas que ocupam a totalidade do veículo. Os valores foram fixados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e são uma recomendação para a negociação das operações de movimentação de mercadorias.
Porém, as transportadoras podem usar esse instrumento para aumentar sua competitividade e a produtividade, assim como oferecer preços mais justos.
O cálculo do preço mínimo foi feito a partir de diferentes variáveis, inclusive dos custos fixos de caminhoneiros e transportadoras. Após essa definição, a tabela foi promulgada pela Resolução 5.820/2018, que explica exatamente como a contabilização foi realizada.
Em seguida, a tabela foi sancionada pela Lei 13.703/2018, que institui a chamada Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. Pela lei, ficou determinado que os valores vigentes são válidos por seis meses e são modificados sempre nos dias 20 de janeiro e 20 de julho.
Apesar disso, existem exceções em que o piso mínimo é reajustado. A legislação indica que, sempre que o preço do óleo diesel sofra oscilação de 10% ou mais para baixo ou para cima, o valor do frete precisa ser adaptado ao novo cenário. Por isso, em setembro de 2018, foi publicada uma nova tabela. Nesse caso, o reajuste ficou entre 1,66% e 6,24%, a depender da distância percorrida e do tipo de carga movimentada.
Tenha em mente também que alguns valores — como substituição tributária, pedágios, imposto de renda, despesas com seguro e outros — precisam ser analisados individualmente, já que existem especificações do perfil de transportador e operação realizada. Esse é um dos motivos que justificam a delimitação de frete mínimo, não máximo.
O preço mínimo já era solicitado pelas pequenas transportadoras e pelos caminhoneiros, especialmente os autônomos, há bastante tempo. O propósito foi definir um padrão a partir do qual a negociação deve ser realizada.
Nesse cenário, a tabela de fretes serve como uma ferramenta a mais para fazer uma boa gestão de frete, que traga benefícios a todos os envolvidos na operação.
A lei oferece uma condição diferenciada ao transporte de contêineres e de veículos de frotas específicas dedicados ou fidelizados por razões sanitárias ou outras consideradas viáveis pela ANTT. Nesses casos, o acordo pode ser diferenciado, desde que cumpra o preço mínimo firmado pela tabela.
Devido à sua importância, a tabela de fretes da ANTT é obrigatória e vale para todo o território nacional. Ela tem como propósito oferecer um cálculo de remuneração mais justo para a movimentação rodoviária de carga, que abrange atividades de coleta, deslocamento e entrega dos produtos.
É importante destacar que, apesar de existir, a negociação usa a tabela apenas como base, ou seja, como valor mínimo para o serviço. O que está proibido pela legislação é usar uma quantia menor que a estabelecida. Assim, a relação estabelecida oferece ganhos para o caminhoneiro, a transportadora e o consumidor final.
No caso do caminhoneiro, ele sai do prejuízo em todas as suas operações e garante lucro, por menor que seja. Isso porque a metodologia de cálculo do frete considera os principais custos fixos e variáveis que esse profissional tem em seu dia a dia.
A transportadora paga um valor justo e que não onera significativamente o serviço. Com isso, consegue oferecer preços atrativos ao consumidor. Quando tem uma parceria com um estabelecimento, ainda existe a possibilidade de traçar estratégias claras de oferecimento do frete grátis, sem impactar a gestão financeira do negócio.
Já o consumidor final é beneficiado porque, via de regra, ele é o responsável pelo pagamento do frete. Isso traz mais competitividade às empresas, principalmente aquelas que vendem de forma online.
Os valores da tabela são determinados a partir do total de eixos do caminhão e da distância a ser percorrida, entre outras variáveis que veremos a seguir. Desde sua publicação, as negociações de frete precisam ser embasadas nessa recomendação. Caso contrário, o embarcador está sujeito a multa.
As fiscalizações já estão em andamento nas rodovias do país. Se for encontrada alguma situação em desacordo com o que está na legislação, a penalização é o pagamento do dobro da diferença do frete, sendo previamente descontada a quantia paga.
Por exemplo: se o serviço deveria custar R$ 10 mil, mas o transportador pagou somente R$ 7 mil, a diferença é de R$ 3 mil. Caso seja pego na fiscalização, a multa vai a R$ 6 mil.
É importante lembrar, ainda, que alguns valores, como o pedágio, são avaliados separadamente e, em princípio, não estão incluídos. Portanto, se houver a necessidade de pagar essa quantia durante o trajeto, ela precisa ser acrescentada ao frete.
A tabela com os fretes mínimos é válida para a movimentação de carga lotação do caminhoneiro autônomo e das empresas de transporte de cargas. Apesar de o intuito ser oferecer mais equilíbrio à relação e ao serviço prestado, muitos embarcadores não gostam do momento atual.
Em longo prazo, a padronização deve ser benéfica, porque o embarcador deixa de ignorar custos extras que estão embutidos na operação. Ao mesmo tempo, exige mais profissionalismo e qualidade na entrega realizada, o que tende a aperfeiçoar o serviço logístico em todo o país. O resultado é uma gestão de transporte de cargas mais eficiente e sem desperdícios.
O propósito da tabela de fretes é repassar aos clientes os custos de forma bastante transparente. O preço mínimo indicado pelo governo é calculado conforme estabelecido na legislação. Porém, sua transportadora pode oferecer valores diferenciados, a partir de mais variáveis.
Para ajudar você a entender o que considerar na hora de elaborar a sua tabela, listamos as oito principais variáveis que são passíveis de análise. Confira!
As cargas podem contar com o mesmo tipo de veículo, mas existem aquelas que requerem um tratamento diferenciado. Esse é o caso dos produtos refrigerados, por exemplo. Portanto, considerar o investimento realizado para a movimentação da carga é uma opção válida. Nesse caso, a cobrança de valores mais elevados que o frete mínimo é justificada.
Considere, por exemplo, que mercadorias geladas e leves exigem um caminhão de pequeno porte, mas com baú refrigerado. Já os trajetos que contam com vias irregulares requerem um veículo resistente, com amortecedores rígidos e pneus maiores.
Essa variável evita a generalização da tabela de frete mínimo. Afinal, é impossível comparar a entrega de soja com a de remédios, certo? Por isso, o ideal é que você tenha diferentes valores conforme o produto a ser movimentado.
Lembre-se de que mercadorias frágeis precisam de embalagens mais resistentes e especiais. Já as que são muito pesadas tendem a gastar mais combustível no transporte, além de agilizar o desgaste de pneus e peças do caminhão. As cargas perigosas ainda oferecem restrições. E por aí vai. Por isso, vale a pena fazer uma negociação diferente para cada caso.
A transportadora tem um período de entrega predefinido. Quando o consumidor paga para receber mais rapidamente, o valor precisa ser diferenciado, porque os custos são maiores. Em alguns casos, é preciso contar com mais de um motorista para a operação, fazer o pagamento de horas extras, gastar mais combustível etc. Por isso, é uma variável que deve ser analisada.
A unidade (cubagem) da carga interfere no preço mínimo do frete, porque quanto maior, mais elevados serão os preços da operação. Assim, o deslocamento de uma carga de cinco toneladas para determinada cidade é menor que o preço cobrado para uma de 10 toneladas para o mesmo trajeto. A justificativa é o tempo de viagem e de carregamento e a necessidade de manutenção derivada do peso da mercadoria.
No frete, há a incidência de alguns encargos. Os principais são:
Esses três tributos são fixos. No cálculo, considere também as taxas municipais e estaduais que, por ventura, incidam devido ao trajeto realizado. Contabilize, ainda, as tarifas e os pedágios.
O transporte rodoviário é perigoso, seja por conta dos assaltos que ocorrem nas estradas, seja devido ao próprio ato de dirigir. Isso significa que o motorista está exposto a acidentes, perda de objetos e até situações mais graves.
Para evitar esses inconvenientes, é indicado que a transportadora tome alguns cuidados. Entre eles, estão duas taxas que precisam estar no cálculo da tabela dos fretes:
O valor do óleo diesel aumentará a partir de 2019, porque o acordo com o governo federal deixa de valer e o subsídio não será mais oferecido. Por isso, a tabela também precisa considerar o preço do combustível.
Isso tem tudo a ver com o trajeto e a distância percorrida, já que, quanto maior a quilometragem, mais elevados são os gastos com esse tópico. É interessante verificar o valor médio cobrado em cada região, para ter uma ideia de quanto terá que pagar para encher o tanque do caminhão.
A quilometragem percorrida é essencial, mas você também deve considerar as características de cada região, porque mais custos podem incidir. É o caso de ir para uma cidade em que precisa passar por estradas em péssimas condições, que aumentam o risco de manutenções e o tempo da viagem. Isso também vale para os pedágios.
Da mesma forma, analise se a carga será lotação ou fracionada. No segundo caso, é possível haver várias paradas durante o trajeto, o que aumenta o tempo da entrega e, em algumas situações, exige até mais colaboradores para fazer o manuseio, a carga e a descarga.
Ao considerar essas variáveis, você já está pronto para elaborar a sua tabela de fretes. No entanto, ainda precisa considerar as diretrizes da ANTT nesse processo. Então, que tal conhecê-las?
A tabela de preço mínimo disponibilizada pelo governo federal requer a avaliação de outras variáveis para descobrir qual é o menor valor de negociação. Nesse contexto, é preciso primeiro, identificar o tipo de carga, que pode ser geral, a granel, frigorificada, perigosa ou neogranel.
Em seguida, é preciso verificar em qual faixa da tabela a mercadoria se enquadra. Avalie a distância do frete e o preço equivalente. Por fim, calcule o valor mínimo para o tipo de frete desejado. Essas são as especificações do frete mínimo indicado pela ANTT.
Para entender melhor, veja como fazer a análise do valor mínimo. Imagine que a movimentação é de uma carga geral e a distância é de 700 km. O caminhão tem três eixos. Com essas características, você precisa verificar o anexo II da tabela, sétimo segmento, que corresponde à faixa entre 601 e 700 km. Nesse caso, o preço é de R$ 0,96.
Por ter três eixos, o valor encontrado deve ser multiplicado por 3. O resultado é R$ 2,88/km (3 x 0,96). Em seguida, multiplique esse número pela distância, que é de 700 km. Temos R$ 2.016 (700 x 2,88). Essa é a quantia mínima do frete, que ainda pode ser acrescida, por exemplo, de despesas com pedágio.
Tenha em mente que a tabela de fretes da ANTT será alterada semestralmente, sempre nos dias 20 de janeiro e 20 de junho, como já dissemos. No entanto, outras atualizações podem ser publicadas em menos tempo, quando o preço do diesel oscilar mais que 10% para mais ou para menos.
Considerando as regras da ANTT, que incluem diferentes itens, até mesmo o custo variável do frete, chega o momento de aprender a montar a sua tabela na prática. Primeiro, você deve compreender que essa ferramenta serve para designar o valor dos serviços prestados. Por isso, você pode fazer o cálculo com base na quilometragem, no tipo de veículo utilizado, na carga movimentada ou até mesmo em mais de uma variável.
Quanto mais definida a tabela estiver, melhor será sua contribuição para o fluxo operacional da empresa. Isso porque ela permite entregar cotações mais rápidas, aumentar o total de solicitações feitas, verificar a média do mercado, analisar os resultados e oferecer menos burocracia para os trabalhos.
A partir disso, as etapas para a montagem da tabela são as que apresentamos abaixo.
É definido pela relação entre o peso bruto e cubado da carga. A cobrança é feita pelo maior resultado, isto é, se a mercadoria ocupar mais espaço que peso, o volume é a variável considerada no cálculo.
A fórmula do frete peso é: peso cubado em kg = comprimento x largura x altura em m³ x 300 em kg/m³ (fator de cubagem que costuma ser adotado e representa 1 m³)
Essa fórmula deve ser calculada a partir do preço do transporte da carga em comparação com a distância do trajeto.
É calculado de acordo com o preço da carga na nota fiscal. É particularmente importante para mercadorias de preço muito elevado. A fórmula é a seguinte: frete valor = valor da carga x percentual do frete valor conforme a distância.
Adicionar os diferentes encargos aplicados é essencial para garantir uma tabela de fretes adequada. Aqui estão incluídos taxa de despacho, serviços especiais (por exemplo, agendamento), taxa de restrição do trânsito (TRT) ou de dificuldade na entrega (TDE), impostos e pedágios. A soma de todos esses valores chega ao preço final que deve ser especificado na sua tabela.
Você pode usar alguns modelos já apresentados na internet. Porém, é importante fazer uma que esteja condizente com a sua realidade. Para ver como ficaria o resultado, veja um exemplo a seguir:
A cada faixa de 5kg, é acrescentado R$ 5 a cada região/estado. Além dessas questões, você deve considerar que existem diferenças entre a tabela para a transportadora e para o autônomo. O segundo tem menos custos indiretos, como aluguel, energia elétrica, água, telefone fixo, colaboradores etc.
Além disso, é possível fazer reajustes para o controle de frete. Os principais são:
Essa ferramenta é uma regra a ser seguida pela ANTT para definir o preço do frete. No entanto, também constitui um recurso para aumentar a competitividade de transportadoras e caminhoneiros autônomos, por considerar diferentes variáveis no processo.
Com isso, fica mais fácil definir um preço justo e adequado à sua realidade, bem como cobrar a melhor qualidade do serviço. Além desses benefícios, é possível conquistar outras vantagens. Veja quais são as principais!
A tabela de fretes ajuda a comparar os valores com outros embarcadores. Isso permite saber qual é a média de preços praticada no mercado, quais variáveis são analisadas e como os cálculos são executados.
Os gestores e proprietários de transportadoras conseguem ter uma visão mais ampla dos trajetos e características da movimentação de cargas que trazem mais lucro para o negócio. Da mesma forma, fica fácil identificar os tipos de mercadorias e veículos mais interessantes para a empresa.
Os clientes sempre precisam de uma cotação antes de fechar negócio. A tabela estruturada traz todos os campos importantes e que podem ser facilmente preenchidos para calcular o valor final do frete.
Com isso, sua equipe deixa de perder tempo com esse processo e oferece respostas rápidas. Os clientes se sentem mais satisfeitos, e a chance de fechar negócios é maior, o que eleva a geração de receitas.
Seguindo todas as regras, você fica dentro do que a legislação prevê e realiza os processos adequadamente. De quebra, tem a oportunidade de aperfeiçoar os seus serviços e cobrar mais qualidade nas entregas, mas ainda tem outro aspecto a verificar: a contribuição dos softwares para transportadoras.
Um sistema de gestão específico para transportadoras é a dica final para estruturar e viabilizar o uso da sua tabela de fretes. Por meio dessa solução, você substitui o papel e as planilhas eletrônicas e automatiza todos os processos. A consequência é menor possibilidade de erros e perdas de informações. Do mesmo modo, há redução de custos com papel e tinta, além de agilidade no atendimento às demandas.
O indicado é escolher um sistema que contenha um módulo de Sistema de Gerenciamento de Transporte (TMS), com a tabela de frete. Assim, é feito o cálculo automático do valor com base nos dados fornecidos. A parametrização considera: peso, volume, cubagem, quilômetros ou horas necessárias para cada serviço.
Outra possibilidade é fazer a contabilização com base no valor da nota fiscal ou do Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) anterior. Essa opção está disponível para casos de redespacho ou subcontratação. Por fim, as taxas podem ser previamente definidas. Entre elas estão: ad valorem, ademe, despacho, GRIS etc. Desse modo, os riscos de fazer um cálculo errado são reduzidos.
Porém, o software de gestão ainda vai além. Mais que o controle de frete, esse sistema monitora toda a frota e garante a administração dos principais aspectos da sua empresa, como manutenções, pneus, notas e mais. Assim, você consegue analisar o custo e o lucro exato de cada viagem, os adiantamentos e as despesas, o acerto com motoristas, as contas a pagar e a receber etc.
Outra vantagem é a possibilidade de acessar o sistema pelo smartphone. Basta ter o aplicativo adequado e visualizar as informações de que precisa rapidamente. Depois disso, é só fornecer os dados e tomar decisões acertadas.
Em suma, a tabela de fretes é uma recomendação para qualquer transportadora, porque traz eficiência e padronização nos valores cobrados pelos serviços.
Ela pode ser difícil de elaborar, porque envolve diferentes variáveis e exige muitos cálculos, porém, esse trabalho vale a pena e pode ser facilitado com a ajuda de um software de gestão específico para o setor. A consequência é o aumento da competitividade do seu negócio e o diferencial em relação à concorrência.
O que você achou das informações apresentadas neste post? Se ficou com alguma dúvida, aproveite e use esta calculadora para compreender melhor a tabela de preços mínimos de frete. Acesse agora!